sábado, 30 de julho de 2011

REFLEXÕES SOBRE O ORGULHO

Não me lembro onde li que o orgulho é o pior dos defeitos por estar na origem de todos os demais. O fato é que passou muito tempo até que começasse a amadurecer esse conceito em minha cabeça.

Orgulho é sinônimo de amor-próprio exagerado, que provoca, ou é o resultado, de um desequilíbrio emocional invariavelmente associado à arrogância, à altivez e à insolência.
É o orgulho, portanto, que nos faz ter um conceito excessivamente elevado de nós mesmos, que nos provoca um desejo imoderado de chamar a atenção, ou de receber elogios (vaidade), mas que por outro lado também pode despertar nossa cobiça em vista da superioridade ou felicidade de outrem (inveja) e que, nos limites da loucura, pode se transformar em ira incontida, ou rancor violento e duradouro que se deseja ao próximo (ódio).

Tanta altivez termina por distorcer nossa visão a ponto de fazer com que nos preocupemos exclusivamente conosco mesmos (egoísmo). Também bloqueia a razão, fazendo-nos pouco propensos a compreender e a tornarmo-nos compreendidos (incompreensão).
Ora, quem nessas condições não se torna incapaz de suportar algo ou alguém (impaciência), disposto a desrespeitar a opinião alheia (intolerância), a atacar (agressividade) e a retalhar até mesmo premeditadamente (vingança)?

E mesmo os tímidos, melancólicos, trancados em seus mundos, vítimas de si mesmo e de seus antagônicos, os extrovertidos, nada mais são do que pessoas orgulhosas, com medo de se expor e de não serem aceitos, com ódio de si mesmos e da vida que levam, prontos a explodirem, sem o menor remorso.
E como nos livrarmos desse mal pela raiz? A resposta encabeça o primeiro dos mandamentos: Amar a Deus sobre todas as coisas. E para amar a Deus incondicionalmente, do fundo da nossa alma, antes de tudo devemos amar a nós mesmos, mas também ao próximo, igualmente filho de Deus e, portanto, nosso irmão.

Fácil? Nem um pouco e nem tampouco rápido. A aceitação de nós mesmos é um processo lento e, por isso mesmo, requer diversas vidas, nas quais experimentamos essas várias faces do orgulho, de maneira a, paulatinamente, deixarmo-lo de lado, transformando-lo em sensatez, brandura, humildade, amor.
O processo é lento, longo, mas com fim inevitável, que é o de fazer com que retornemos à casa do Pai. Todavia, se não for iniciado, esse percurso nunca será cumprido e o momento mais propício para que essa reforma interior seja realizada é agora. Façamos um grande esforço, portanto, para aceitar nossas fraquezas, valorizar nossas virtudes (mas sem exageros) e estimular nossos irmãos, com nossos pequenos progressos, para que também evoluam.

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