Cresci ouvindo dizer que Papai Noel não existia, que tinha
sido inventado por algum mago do marketing, contratado para fazer campanha da
Coca-Cola, em cima da história de um velhinho chamado Nicolau, que nunca viveu
no Polo Norte, jamais vestiu roupa vermelha e nem mesmo saia por aí num trenó
voador encabeçado por uma rena de nariz vermelho chamada Rudolf. Nicolau, na
verdade, nasceu e viveu na Ásia Menor, em torno do ano 300, membro de uma
família muito rica e com imenso prazer em se doar e em doar o que tinha para
quem mais precisava.
Pois é, o bom velhinho, que traz presentes na noite do dia
24 de dezembro para as crianças que se comportam durante todo o ano, bem, esse
– tapem os ouvidos os mais crédulos – sinto informar, mas não existe mesmo. E
se não existe lá no hemisfério norte, com frio suficiente para usar aquelas
roupas que causariam revolta aos mais ferrenhos defensores da causa dos animais
(alguém já reparou que a roupa do Papai Noel da Coca-Cola tem acabamento feito
com pele arminho?), imaginem aqui nos trópicos, com calor de 36°C à sombra.
Aliás, arrisca desidratação e perda dos sentidos quem se atrever em usar por
aqui esses modelos que não passam de verdadeiras saunas ambulantes.
Mas se não existe esse tipo de Papai Noel midiático, cuja
imagem a gente adora explorar nesse período do ano (eu mesmo, se tivesse que
pagar direitos de imagem, estaria com uma dívida do tamanho do mundo, já que
tenho pelo menos uns 20, de diversos tamanhos e formatos, que costumam decorar
a casa quando resolvo encarar essa tarefa), existem outros seres, de carne e
osso, tão bonzinhos ou mais e que fazem a gente pensar se vale à pena dedicar
tanto espaço de nossas mentes com seres imaginários, se os verdadeiros bons velhinhos
e jovenzinhos, homens e mulheres, ricos ou pobres, invariavelmente no
anonimato, fazem um fantástico trabalho baseado exclusivamente na
solidariedade.
Isso mesmo, solidariedade é o que move essas pessoas,
pertencentes às mais diversas classes sociais e que fazem o que fazem não para
ganhar reconhecimento público das suas obras, mas simplesmente por achar
correto e necessário fazer o bem, dentro daquela máxima de que cortesia gera
cortesia.
Trata-se de gente que não espera pelo Governo para que as
coisas que devem ser feitas sejam feitas, que não espera pelos outros para por
a mão na massa, que não aguarda uma pausa nos compromissos para fazer o bem.
Fazem tudo porque gostam, porque não conseguem estar em paz vendo alguém ao
lado passando mal e, isso tudo – morra de inveja Papai Noel midiático – 365
dias por ano e não apenas na véspera do Natal.
Eu mesmo conheço inúmeras pessoas como essas e, recentemente,
há cerca de duas semanas, tive o prazer de conhecer mais duas. Gente simples,
mas nem por isso menos importante, com histórias de vida e obras sociais
construídas no anonimato e que, aos poucos, foram ganhando a ajuda de várias
pessoas, igualmente desinteressadas da fama, permitindo-lhes ampliar cada vez
mais suas correntes de boas ações.
Uma delas, chamada Jovaneide Freire, lá pelas tantas, já há
muito realizando ações sociais, recebeu uma doação anônima de R$ 100 mil e, com
esse dinheiro, resolveu abrir uma casa de apoio para crianças em tratamento
contra o câncer, ou transplantadas, vindas de diversas localidades do país e
onde recebem abrigo, alimentação, medicamentos (quando não fornecidos pela rede
pública de saúde) e transporte aos hospitais nos quais realizam seus
tratamentos. Ficam lá, na companhia de um parente, pelo tempo que for necessário,
um total de 40 crianças.
As instalações são simples, mas dignas e sem as quais essas
crianças não poderiam fazer o tratamento de que necessitam. Além disso, na
convivência com outras crianças que passam por problemas semelhantes, de algum
modo sentem-se mais aliviadas.
A casa se chama Centro de Apoio à Criança Carente com Câncer
“Candida Bermejo Camargo” (www.centrocbc.org.br)
e fica localizada nas imediações do Cemitério da Paz, não muito longe do Portal
do Morumbi.
Caminhei por lá, guiado por uma das estagiárias, que me
mostrou as instalações, apresentou-me a algumas crianças (uma delas, judiação,
com câncer nos olhos) e me fez ver que é possível ser feliz mesmo em
dificuldade, pois não me pareceu ver naqueles rostinhos nenhum sinal de
ressentimento, ou revolta, contra a situação pela qual passavam crianças, desde
bebês até adolescentes e, em alguns casos, também adultos (a casa é para
atender crianças, mas como negar ajudar a um adulto que também precisa?).
Fiquei feliz por contribuir, junto com um monte de amigos do
bem, ainda que minimamente, com sacolinhas de Natal para quase todas as crianças
ali hospedadas e que mal podiam esperar a hora de abrir seus presentes,
compostos por uma troca completa de roupa, um calçado e um brinquedo. Tudo
comprado com carinho, como se fosse para alguém da família, ainda que para
pessoinhas cujos rostos a maioria desses colaboradores poderá ver somente em
fotografias.
Bem, a segunda Mulher Maravilha desta véspera de Natal e que
coloca Papai Noel no chinelo, chama-se Iraci Gomes, ou simplesmente Ira. Sobre
sua vida privada, na verdade, fiquei sabendo muito pouco. Apenas que é casada e
que possui uma filha e três (ou serão quatro?) netos para lá de ativos, todos
habitantes de uma simpática casa situada em Carapicuiba.
Eu a conheci por intermédio de uma instituição de Osasco que
ajudo há diversos anos, também doando sacolinhas de Natal, montadas com a
colaboração de amigos e colegas de trabalho. Pois bem, quando entrei em contato
com essa instituição este ano, já haviam providenciado todas as sacolinhas de
que necessitavam, de modo que me encaminharam para a Ira, que faz um belíssimo
trabalho assistencial junto à comunidade da Boracéia, em Carapicuiba, e que
também prepara sacolinhas de Natal para as crianças que consegue cadastrar.
O cadastramento é muito simples. Com base na quantidade de
sacolas que se consegue recolher no ano anterior, Ira marca um dia para o
pessoal da comunidade – que procura ajudar ao longo do ano com doações que
recebe de amigos e também de desconhecidos – ir até sua casa retirar as senhas
(seria ótimo ajudar a todas as crianças, mas infelizmente, é gente demais e
donativos de menos, razão da instituição das senhas). Conta ela que se marca às
08:00, já de madrugada tem gente na porta da casa, para não perder a
oportunidade.
Para os que não conseguem pegar a senha, fica a promessa
da distribuição de uma nova quantidade, caso seja possível sensibilizar mais
doadores. E foi o que aconteceu neste ano por duas vezes, ou seja, uma primeira
distribuição de 150 senhas, seguida por outras 80 e, por fim, mais 50 senhas,
num total de 280. Parece bastante e é mesmo, mas esse número consegue
contemplar cerca de 20% das crianças da Boracéia.
No dia que chamei a Ira para pegar as sacolinhas, eu a
acabei acompanhando até sua casa, pois seu carro não era suficientemente grande
para carregar tudo numa só viagem. Chegando lá, ela me perguntou se gostaria de
visitar a comunidade onde vivem as crianças que seriam presenteadas, convite
que aceitei prontamente.

Havia lixo transbordando das caçambas colocadas nas entradas
da comunidade, que a prefeitura coleta muito raramente, pois, segundo ela
própria, seria necessário um caminhão de lixo somente para atender a Boracéia
e, como possui apenas três, fazia a coleta a cada 2 ou 3 semanas, ou quando
dava.

Mas se a alegria das crianças parecia não se abalar pela
situação em que viviam, o mesmo não aconteceu no dia em que receberam as
sacolinhas de Natal. Enquanto aqueciam seus motores, comendo cachorro-quente e
algodão doce, na festinha preparada por Ira e seus ajudantes (muito mais
prestativos do que os duendes do Papai Noel), olhavam curiosos para as
sacolinhas (com meus amigos, contribuí com 129!), tentando adivinhar qual seria a sua. E, quando receberam seus
presentes, não puderam conter um sorriso espontâneo e um apreço indescritível
pelo que estavam ganhando.

O Natal, entretanto, é bem mais que troca de presentes. É a
personificação da solidariedade que algumas pessoas conseguem externar todos os
dias do ano, silenciosamente, valentemente, só porque o coração manda.
Ronaldo, acredita sinceramente que a solidariedade conspira a favor de quem quer ajudar...depois te conto a tamanha coincidência. Estou ainda mais feliz por saber qual é a Casa para onde foram as doações. Incrível! Parabéns, Papai Noel Ronaldo! Belo trabalho e conte conosco no próximo Natal novamente! Abraço. Sandra
ResponderExcluirAinda aguardo vc me contar qual é a coincidência. Abraços!]
ExcluirSeria muito bom e interessante se existissem outros "Ronaldos" para desenvolver esse trabalho.
ResponderExcluirParabéns Ronaldo
Noslen
O trabalho é da Iraci, da Doralice, da Rosângela, da Jovaneide e de seus colaboradores. Nós apenas contribuimos com a rede de relacionamentos.
ResponderExcluirParabéns, Papai Noel! Fico feliz conhecer pessoas como você.
ResponderExcluirConte comigo!
Abraços,
Magda
Eu sou apenas um duende, como os tantos outros que colaboraram. Os verdadeiros papais noel são aqueles que prestam assistência à essas comunidades durante o ano todo e não apenas nas datas especiais. Até!
ExcluirHISTORY OF ALFREDO DI LELIO CREATOR OF “FETTUCCINE ALL’ALFREDO”
ResponderExcluirWith reference of your article we have the pleasure to tell you the history of our grandfather Alfredo Di Lelio, creator of “fettuccine all’Alfredo” (recipe in the world known).
Alfredo di Lelio opened the restaurant “Alfredo” in 1914 in a street in the center of Rome, after leaving his first restaurant run by his mother Angelina in Piazza Rosa (Piazza disappeared in 1910 following the construction of the Galleria Colonna / Sordi). In this local spread the fame, first to Rome and then in the world, of “fettuccine all’Alfredo”.
In 1943, during the war, Di Lelio sold the restaurant to others outside his family.
In 1950 Alfredo Di Lelio decided to reopen with his son Armando his restaurant “Il Vero Alfredo” in Rome, Piazza Augusto Imperatore n.30, which is now managed by his nephews Alfredo (same name of grandfather) and Ines (the same name of his grandmother, wife of Alfredo Di Lelio, who were dedicated to the noodles).
See also the site of “Il Vero Alfredo” http://www.alfredo-roma.it/.
We must clarify that other restaurants “Alfredo” in Rome do not belong to the family tradition of “Il Vero Alfredo” in Rome.
We inform that the restaurant “Il Vero Alfredo” is in the registry of “Historic Shops of Excellence” of the City of Rome Capitale.
Best regards Alfredo e Ines Di Lelio
Grazie! Gentilissimi! La prossima volta che vengo a Roma passo a ringraziarVi personalmente. Ho già provveduto a correggere l'indirizzo del sito, effettivamente incorretto. Con l'occasione Vi auguro un eccellente 2013.
ExcluirObrigada Ronaldo por me dar esta oportunidade de ajudar com um pouquinho... se cada um fizesse seu "pouquinho" o mundo seria realmente um paraíso. Obrigada e conte sempre comigo! Abraços Erika Aquino Costa
ResponderExcluirAs crianças que agradecem, Erika. Como disse, cada um fazendo um pouco, a gente muda o país. Ano que vem tem mais e pode ter certeza que vou te chamar!
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