Enquanto caminhava por terrenos de geografia bastante
variada, o semeador ia jogando suas sementes aqui e ali, sem se preocupar se o
terreno era adequado ou não para o plantio. Algumas sementes caiam ao longo do
caminho, formado por terra dura, pisada e quase tão sofrida como algumas almas,
que se recusam a receber qualquer coisa do mundo, por acharem que o mundo não
lhes têm nada de bom a oferecer. Nessa terra, as sementes não germinavam e,
alvos de pássaros vorazes, eram devoradas impiedosamente, como as palavras de
paz e amor que líderes espirituais e pessoas de boa índole derramam sobre a
humanidade sem que consigam penetrar em corações fechados, sendo facilmente
devorados pelas vozes das paixões.
Há sementes, porém, que caem em terreno pedregoso, com pouca
terra, mas que, embora com dificuldade, acabam germinando. Entretanto, sendo a
terra muito rala, as raízes das jovens plantas não têm onde buscar os
nutrientes necessários para que cresçam fortes e vigorosas e, diante do sol
causticante do meio-dia, ou da enxurrada do verão, acabam morrendo. Esse solo
ralo lembra aquelas pessoas que ouvem a palavra de Deus e por ela até se sentem
sensibilizadas. Entretanto, diante da primeira prova, da primeira dificuldade,
deixam de lado o entusiasmo e voltam para a vidinha insossa, às vezes com
momentos de alegrias e às vezes com momentos de infinita tristeza, retardando o
ingresso no mundo de verdadeira felicidade.
Outras sementes são deixadas pelo semeador em terreno
fértil, mas no qual devem competir para crescer com as sementes de ervas
daninhas que, como as chamadas marias-sem-vergonhas, nascem por tudo quanto é
canto, sufocando as sementes do bom semeador. Esse terreno lembra aquelas
pessoas que já têm um certo preparo e que compreendem bem a palavra de Deus.
Entretanto, não podem por em ação os bons pensamentos que lhes são inspirados, ou
as boas palavras que elas mesmas leem nos livros de auto-ajuda, pois não
possuem tempo, porque suas posições não lhes permitem ser caridosos, porque a
rotina lhes consome até o ponto de serem obrigados a parar e refletir sobre o
rumo de suas vidas, para então livrarem-se das ervas daninhas que infestam os
jardins de suas mentes.
Por fim, o semeador deixa cair sementes em terreno bom,
arado e adubado. Nesse terreno, as sementes germinam, crescem e, lá pelas
tantas, começam a dar frutos, que alimentam e cujas sementes, caindo em bom
terreno, transformam-se em outras plantas, sendo algumas mais frutíferas e outras
menos, assim como as almas de boa índole que, ao ouvir a chamada palavra da
salvação, segundo a capacidade de compreensão de cada uma, devolvem para a
sociedade comportamentos que refletem diferentes graus de elevação, mas todos
igualmente cristãos.
E assim somos nós, almas que nascem encrudelecidas, terrenos
inférteis, mas que, com a ajuda constante do semeador Jesus e de seus
discípulos, aos poucos vamos afofando a terra de nossos corações, afastando as
pedras do caminho, retirando as ervas daninhas de nossas mentes e, sob a luz do
Evangelho, adubando nossos seres e favorecendo o crescimento da árvore da
razão, que nos faz ficar cada vez mais próximos do criador, acendendo dentro de
nós a chama divina e contribuindo para a iluminação do planeta em que vivemos.
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