sábado, 27 de outubro de 2012

SMARTPHONES E TABLETS: REDEFININDO O CONCEITO DE COMUNICAR-SE COM O MERCADO NO BRASIL


Se a tecnologia da informação é hoje o que a eletricidade foi na era industrial, a internet pode ser comparada a um motor que movimenta o fluxo de informações sem tomar conhecimento de barreiras de tempo ou espaço (CASTELLS, 2003). Ela mudou o modo como pessoas, governos e empresas interagem entre si e acabou mudando a si mesma, passando dos computadores de mesa, aos notebooks, aos netbooks e, atualmente, sendo massivamente acessada através de diminutas telas interativas de celulares inteligentes, os smartphones, e, mais recentemente, também de tablets, introduzidos no mercado pela Apple e rapidamente difundidos por outras empresas do segmento.

É crescente o número de usuários de celulares nos mercados asiáticos que vêem em seus aparelhos a primeira ou única opção de contato com o mundo digital, quer seja para baixar aplicativos, visitar sites, ou comunicar-se com seus pares e com o mercado. Estima-se que, em 2011, 29,1% dos usuários de celulares na Ásia (calculados em 2,14 bilhões) acessem a internet por meio de seus aparelhos, percentual que deve passar para 42,1% em 2015, quando o número de usuários atingir 2,89 bilhões (ELKIN, Jul. 2011).

Já no Reino Unido, segundo dados publicados pela BBC News Technology (MOBILE internet use nearing 50%, 2011) e baseados numa recente pesquisa realizada pelo Office for National Statistics, 45% da população do país acessa a internet por meio de celulares (entre os jovens de 16 a 24 anos, esse índice beira 71%). Há apenas um ano atrás, o uso de celulares como veículo de acesso à internet entre os britânicos era quatorze pontos percentuais inferior, o que vem a confirmar a rápida difusão dessa tecnologia também entre os súditos de Elizabeth II.

Segundo ELKIN (Fev. 2011), os usuários de smartphones nos Estados Unidos devem ter chegado a 71 milhões no final 2011, número que representa 31% da população de usuários de celulares no país. Até 2015, aproximadamente 110 milhões de americanos, ou 43% dos usuários de celulares, passarão a utilizar esses equipamentos, muito mais ricos de recursos do que seus antecessores e, por isso mesmo, muito mais capazes de promover verdadeiras experiências a seus proprietários. A esse grupo, une-se outro, de usuários de tablets que, se em 2010, ano da apresentação pela Apple dessa nova tecnologia, representavam 3,1% da população americana, até o final de 2011 subiram para 7,6% e tendem a continuar numa taxa de crescimento frenética pelos próximos anos. Trata-se de usuários, segundo pesquisa realizada pelo e-Tailing Group e publicada no e-Marketer (TABLETS beat smartphone for online shopping, Mai. 2011), com maior propensão a utilizar seus aparelhos para realizar compras: 10% dos usuários de tablets utilizam seus equipamentos para realizar compras online todos os dias, índice que gira em torno de 6% entre os usuários de smartphones.

O Brasil, que tem uma população de usuários de internet, com acesso em casa ou no trabalho e idade superior a 15 anos, da ordem de 40 milhões de pessoas, número semelhante ao encontrado em países como França, Reino Unido e Índia, superior ao de México e Argentina juntos e com a maior taxa de crescimento da América Latina (20% registrado entre 2009 e 2010), deve rapidamente seguir a tendência apresentada em outros países, conforme acima ilustrado, e também passar a utilizar os smartphones (e num futuro breve, também os tablets, ainda em fase inicial de introdução no mercado) como principal ou único veículo de acesso à internet (BANKS, Fev. 2011).

Corrobora com essa idéia o fato dos brasileiros demonstrarem grande propensão a ficar conectados à internet (24,3 horas, colocando o Brasil na quinta posição entre os países com maior número de usuários únicos – BANKS, 2011), bem como o fato, segundo GABRIEL (2011), dos usuários de smartphones ficarem conectados até 30 minutos por mês a mais do que os usuários de internet fixa (informação verbal)[1], informação em linha com ELKIN (Fev. 2011), que estima que o tempo gasto com smartphones cresce, nos Estados Unidos, mais do que com qualquer outro meio (28,2% em 2010), donde se pode inferir que o uso de smartphones pode favorecer essa aptidão dos brasileiros de permanecerem online.

Diante desses fatos, profissionais de marketing devem passar a lidar com o meio digital e, em particular, com as mídias veiculadas em smartphone e tablets, de outra maneira, adaptando peças e formas de comunicação às características desses novos veículos e aos hábitos que seu público-alvo passa a ter ao acessar a internet por meio dessa nova e cada vez mais freqüente ferramenta.

Confirma essa linha de pensamento uma pesquisa realizada nos Estados Unidos pela UM and Time Inc. sobre a satisfação, uso e receptividade à publicidade em iPads, segundo a qual é muito elevada a receptividade dos anúncios veiculados nas revistas em formato eletrônico para iPad, aos quais o leitor dedica mais tempo, particularmente atraídos pela cores mais vibrantes (86%) e pela possibilidade de interagir com o anúncio, acessando galerias de fotos, fazendo tours virtuais 360°, assistindo vídeos e lendo fichas técnicas detalhadas (82%), características indisponíveis em outras formas de mídia, mesmo online[2]. Tudo isso, segundo uma pesquisa realizada pela Nielsen, faz dos usuários de iPads muito mais aptos a realizar compras (IPADS ads engage magazine readers, 2010).

Esse processo de transformação de hábitos é tão veloz que, conforme afirma CASTELLS, em A Galáxia da Internet (p.8), é difícil para a pesquisa acadêmica acompanhar, com um suprimento adequado de estudos empíricos, os motivos dessa nova tendência, o que torna inédito praticamente todo projeto de estudos nessa área, especialmente se acompanhando desde seu processo embrionário, como é o caso do uso dos smartphones e tablets entre os brasileiros, o que faz pertinente uma pesquisa aprofundada que tenha por escopo estudar a influência dessas novas ferramentas como veículo de comunicação com o mercado.




[1] Informação fornecida por GABRIEL, MARTHA no Festival youPIX, realizado em São Paulo, em agosto de 2011.
[2] Cerca de 90% dos proprietários do tablet da Apple, também leitores de revistas, demonstraram interesse em adquirir uma assinatura para receber a versão on-line,o que amplia o espectro de ação de uma fração de curiosos atraídos pela nova tecnologia a um número crescente de potenciais consumidores.

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