Se a tecnologia da informação é hoje o
que a eletricidade foi na era industrial, a internet pode ser comparada a um
motor que movimenta o fluxo de informações sem tomar conhecimento de barreiras
de tempo ou espaço (CASTELLS, 2003). Ela mudou o modo como pessoas, governos e
empresas interagem entre si e acabou mudando a si mesma, passando dos
computadores de mesa, aos notebooks, aos netbooks e, atualmente, sendo
massivamente acessada através de diminutas telas interativas de celulares
inteligentes, os smartphones, e, mais recentemente, também de tablets,
introduzidos no mercado pela Apple e rapidamente difundidos por outras empresas
do segmento.
É crescente o número de usuários de
celulares nos mercados asiáticos que vêem em seus aparelhos a primeira ou única
opção de contato com o mundo digital, quer seja para baixar aplicativos, visitar
sites, ou comunicar-se com seus pares e com o mercado. Estima-se que, em 2011,
29,1% dos usuários de celulares na Ásia (calculados em 2,14 bilhões) acessem a
internet por meio de seus aparelhos, percentual que deve passar para 42,1% em
2015, quando o número de usuários atingir 2,89 bilhões (ELKIN, Jul. 2011).
Já no Reino Unido, segundo dados
publicados pela BBC News Technology (MOBILE internet use nearing 50%, 2011) e
baseados numa recente pesquisa realizada pelo Office for National Statistics,
45% da população do país acessa a internet por meio de celulares (entre os
jovens de 16 a 24 anos, esse índice beira 71%). Há apenas um ano atrás, o uso
de celulares como veículo de acesso à internet entre os britânicos era quatorze
pontos percentuais inferior, o que vem a confirmar a rápida difusão dessa
tecnologia também entre os súditos de Elizabeth II.
Segundo ELKIN (Fev. 2011), os usuários
de smartphones nos Estados Unidos devem ter chegado a 71 milhões no final 2011, número que representa 31% da população de usuários de celulares no país.
Até 2015, aproximadamente 110 milhões de americanos, ou 43% dos usuários de
celulares, passarão a utilizar esses equipamentos, muito mais ricos de recursos
do que seus antecessores e, por isso mesmo, muito mais capazes de promover
verdadeiras experiências a seus proprietários. A esse grupo, une-se outro, de
usuários de tablets que, se em 2010, ano da apresentação pela Apple dessa nova
tecnologia, representavam 3,1% da população americana, até o final de 2011
subiram para 7,6% e tendem a continuar numa taxa de crescimento frenética pelos
próximos anos. Trata-se de usuários, segundo pesquisa realizada pelo e-Tailing
Group e publicada no e-Marketer (TABLETS beat smartphone for online shopping,
Mai. 2011), com maior propensão a utilizar seus aparelhos para realizar
compras: 10% dos usuários de tablets utilizam seus equipamentos para realizar
compras online todos os dias, índice que gira em torno de 6% entre os usuários
de smartphones.
O Brasil, que tem uma população de
usuários de internet, com acesso em casa ou no trabalho e idade superior a 15
anos, da ordem de 40 milhões de pessoas, número semelhante ao encontrado em
países como França, Reino Unido e Índia, superior ao de México e Argentina
juntos e com a maior taxa de crescimento da América Latina (20% registrado
entre 2009 e 2010), deve rapidamente seguir a tendência apresentada em outros
países, conforme acima ilustrado, e também passar a utilizar os smartphones (e
num futuro breve, também os tablets, ainda em fase inicial de introdução no
mercado) como principal ou único veículo de acesso à internet (BANKS, Fev.
2011).
Corrobora com
essa idéia o fato dos brasileiros demonstrarem grande propensão a ficar
conectados à internet (24,3 horas, colocando o Brasil na quinta posição entre
os países com maior número de usuários únicos – BANKS, 2011), bem como o fato,
segundo GABRIEL (2011), dos usuários de smartphones ficarem conectados até 30
minutos por mês a mais do que os usuários de internet fixa (informação verbal)[1], informação em linha com
ELKIN (Fev. 2011), que estima que o tempo gasto com smartphones cresce, nos
Estados Unidos, mais do que com qualquer outro meio (28,2% em 2010), donde se
pode inferir que o uso de smartphones pode favorecer essa aptidão dos
brasileiros de permanecerem online.
Diante desses fatos, profissionais de
marketing devem passar a lidar com o meio digital e, em particular, com as
mídias veiculadas em smartphone e tablets, de outra maneira, adaptando peças e
formas de comunicação às características desses novos veículos e aos hábitos
que seu público-alvo passa a ter ao acessar a internet por meio dessa nova e
cada vez mais freqüente ferramenta.
Confirma essa linha de pensamento uma
pesquisa realizada nos Estados Unidos pela UM and Time Inc. sobre a satisfação,
uso e receptividade à publicidade em iPads, segundo a qual é muito elevada a
receptividade dos anúncios veiculados nas revistas em formato eletrônico para
iPad, aos quais o leitor dedica mais tempo, particularmente atraídos pela cores
mais vibrantes (86%) e pela possibilidade de interagir com o anúncio, acessando
galerias de fotos, fazendo tours virtuais 360°, assistindo vídeos e lendo
fichas técnicas detalhadas (82%), características indisponíveis em outras
formas de mídia, mesmo online[2]. Tudo isso, segundo uma
pesquisa realizada pela Nielsen, faz dos usuários de iPads muito mais aptos a
realizar compras (IPADS
ads engage magazine readers, 2010).
Esse processo de
transformação de hábitos é tão veloz que, conforme afirma CASTELLS, em A
Galáxia da Internet (p.8), é difícil para a pesquisa acadêmica acompanhar, com
um suprimento adequado de estudos empíricos, os motivos dessa nova tendência, o
que torna inédito praticamente todo projeto de estudos nessa área,
especialmente se acompanhando desde seu processo embrionário, como é o caso do
uso dos smartphones e tablets entre os brasileiros, o que faz pertinente uma
pesquisa aprofundada que tenha por escopo estudar a influência dessas novas
ferramentas como veículo de comunicação com o mercado.
[1]
Informação fornecida por GABRIEL, MARTHA no Festival youPIX, realizado em São
Paulo, em agosto de 2011.
[2] Cerca de 90% dos proprietários do tablet da
Apple, também leitores de revistas, demonstraram interesse em adquirir uma
assinatura para receber a versão on-line,o que amplia o espectro de ação de uma
fração de curiosos atraídos pela nova tecnologia a um número crescente de
potenciais consumidores.
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