O dia começa com chuva e eu, meio preocupado, retardo ao máximo sair do hotel, esperando que ela dê trégua. Agora às 07:40, já não ouço mais a água escorrendo pela calha. Vou me preparar correndo e aguardar Wilma e Beto para irmos à casa de Monet.
Eles foram quase pontuais. Os cinco minutos de atraso me ajudaram a não fazer vexame. Assim que chegaram, fomos diretamente para a estação École Militaire do metrô e, de lá seguimos para A Estação de Trens de St. Lazare, de onde seguimos par Vernon e, de lá, para Giverny.
Muito bonita a estação de trens, com um mini shopping rico de lojas bens bacanas e que, no Brasil, são tidas como marcas de luxo. Na França, porém, são apenas boas marcas.
O trem da ida foi pontual e, em menos de 1 hora, que nem vi passar, já que conversei o tempo todo com Wilma (menos com o Beto), chegamos a Vernon, cidadezinha onde o tempo parou. Poucas lojas, uma feira livre, nenhum restaurante charmoso, dois hotéis fechados (baixa estação?), mas com uma igreja medieval e alguns edifícios em clássico estilo normando muito bonitos.
Achei um pouco cara a passagem de trem. Foram 14 euros para ir e mais 14 na volta. Chegando em Vernon, gastamos mais 5 euros para ir a Giverny e mais 5 para voltar de lá. De qualquer modo, valeu.
O tempo em Vernon, assim como em Giverny, que dista 5 minutos de ônibus, estava bem mais firme do que em Paris. Na verdade, o céu estava aberto e o sol nos sorriu quase todo o tempo, tornando mais vibrantes as cores das flores do Jardim de Monet.
Esse Monet se tratava bem e tratava bem seu jardim e casa. Lugares agradáveis e que, sem o barulho de carros a passar na estrada em frente ao portão principal, inexistentes à época de Monet, é extremamente agradável.
Os jardins são replantados constantemente, é claro, para que permaneçam sempre floridos. Não importa. Caminhar por aquelas alamedas foi como fazer uma viagem no tempo, como se a qualquer momento Monet fosse aparecer agachado em algum arbusto, cortando-lhe as folhas secas, ou passeando nos barquinhos atracados num dos lagos da casa, muito bem retratados em dois de seus quadros, hoje pertencentes à coleção do Masp.
Dentro da casa, o destaque fica todo para o ateliê do pintor, com reproduções de cerca de 60 telas, acomodadas sobre as paredes tal como as deixava e tal como se pode ver em uma foto feita quando ele ainda lá habitava.
Queria ter comprado algum livro, mas desisti, pois o peso é grande e o preço também. Aliás, tudo na França custa muito, desde um café até qualquer coisa que se possa imaginar. Um par de tênis de corrida não sai por menos de 130 euros, mas alguns modelos custam até 180, valores bem acima dos praticados no Brasil, que já é considerado um país caro.
Uma coisa que gostei e que não sei se já havia visto são os pianos instalados em locais públicos, onde qualquer um pode se divertir e agradar os transeuntes com sua melodia. Meu primeiro encontro com um deles foi na estação de St Lazare e o segundo, dois dias depois, no Aeroporto, na espera do voo para Viena.
A permanência em Giverny foi rápida. Acredito não ter ficado ali mais do que 3 horas. Queria ter almoçado num dos restaurantinhos de lá, mas Wilma achou que eram um pouco turísticos, apesar de charmosos, e então seguimos de volta a Vernon, onde não encontramos nada que valesse à pena e acabamos comendo em qualquer lugar.
Apesar de pouco simpático o local do almoço, o que comemos não foi das piores iguarias. Pedimos um cassoulet e uma taça de vinhos. Não sabia bem o que era o cassoulet, mas acabei gostando. Trata-se de uma espécie de lasanha, onde fatias de batata cozida ocupam o lugar da massa. Entre uma camada e outra, pedaços de queijo. Também queijo por cima, devidamente gratinado. Ótima combinação!
O vinho não foi dos melhores, mas deu para o gasto, assim como o cafezinho para acordar e dar ânimo para uma caminhada ente as casas da vila, imaginando como seria e quanto custaria morar por lá.
O trem de volta atrasou 27 minutos e acabamos tomando mais um café e conversando com um simpático casal que Wilma e Beto haviam conhecido no vôos de vinda do Brasil e que, por uma dessas surpresas da vida, eram pais do presidente do Facebook para a América Latina.
Já em Paris, compramos uma bobagenzinha numa loja de produtos de design da St Lazare e seguimos para o centro, por onde caminhamos por umas duas horas, até chegarmos em algum ponto perto da Place de la Concorde. Queríamos seguir a pé até nossas casas, mas o cansaço nos venceu e resolvemos pegar o metrô. No meio do caminho, passamos em frente à Ópera e paramos para que eles comssem algo numa interessante loja chamada Prêt-a-Manger. A comida, orgânica é feita na loja, quase pronta para ser consumida. Eu não provei, mas a decoração era fantástica.
No hotel, meio cansado, comi algo comprado num Carrefour antes de terminar minha ronda. Nada romântico, mas muito prático e econômico.
Dormi sem grandes dificuldades, mesmo com o elevador grudado no quarto, pois estava extremamente cansado. Dormi bem.